Maitê Ferreira, de 24
anos, recebeu em suas mãos nesta quarta-feira (7) a sua carteira de advogada
pela Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) em uma solenidade na cidade de
Mossoró, Região Oeste potiguar. Mais do que um evento tradicional e um sonho
comum, esse dia foi representativo para ela e para a história do estado:
oficializou a primeira advogada transexual de Mossoró, segunda cidade mais
populosa do Rio Grande do Norte. Segundo
a assessoria da OAB do RN, Maitê é a segunda advogada transexual da história do
estado. Em janeiro, de acordo com a instituição, outra profissional trans havia
recebido a documentação da OAB para exercer a função.
Natural
de Fortaleza, no Ceará, Maitê mora em Mossoró desde os 16 anos de idade.
Formada pela Universidade Federal Rural do Semi-Árido (Ufersa), ela considera o
fato histórico, mas reforça que passará também pelos medos e dificuldades que a
carreira impõe. "É algo histórico. Mas eu sou uma pessoa comum, cheia de
medos, de limitações", disse ao G1.
Ser
uma das pioneiras, neste caso, impõe barreiras ainda maiores, ela acredita. "Eu
me sinto abrindo uma vereda em mata fechada", diz Maitê, que também não
tem ninguém formado na área na família. "É desafiador. Não há ninguém para
pedir conselho, perguntar o que fazer. Sou basicamente eu por eu mesma",
completa.
Para fincar essa primeira bandeira, no entanto, ela reforça
que teve muito apoio dos amigos que fez na cidade que adotou como casa há
alguns anos. "Muita gente sempre esteve acreditando em mim, a família que
eu construí aqui em Mossoró. Eu recebo muito apoio", destacou. Da busca pelas referências anteriores, a agora advogada Maitê
Ferreira pode passar a ser um desses espelhos para as estudantes transexuais do
RN, principalmente na área do direito. "Acredito que outras vão ver que
podem ser advogadas também. Eu acho que só o fato de estar aqui já é uma
conquista", falou Maitê, apontando também o pouco número de advogadas
transexuais no Brasil atualmente.
Com
a carteira da OAB em mãos, os projetos para o futuro próximo já estão prontos.
Ao lado de dois amigos, Maitê quer criar uma assessoria jurídica voluntária de
proteção à mulher, para combater casos como os de assédio sexual, e também algo
voltado às pessoas que sofrem de LGBTfobia.
"Quero ajudar em casos de abandono familiar, de situações de
emprego que tratam de maneira discriminatória", conta. "Às vezes, por
medo ou até desinformação, essas pessoas não buscam reparação. Então quero
criar essa assessoria jurídica feminista no RN", diz. Fonte:
https://g1.globo.com/rn/rio-grande-do-norte/noticia/2019/08/08/primeira-advogada-transexual-de-mossoro-rn-recebe-carteira-da-oab-historico.ghtm