Agência Estado
O ex-presidente Lula afirmou nesta quarta-feira, 13,
que o recibo de pagamento do aluguel do apartamento 121, do residencial Hill
House, em São Bernardo do Campo, ‘pode ser pego e enviado’ ao juiz federal
Sérgio Moro e ao Ministério Público Federal na Operação Lava Jato. O petista
prestou depoimento por mais de duas horas em ação sobre supostas propinas da
Odebrecht ao ex-presidente. O apartamento 121 é vizinho ao que mora Lula. A Lava
Jato afirma que não houve pagamento de aluguel entre fevereiro de 2011 e pelo
menos novembro de 2015. Segundo a denúncia, parte das propinas destinadas a
Glaucos da Costamarques, parente do pecuarista José Carlos Bumlai, amigo de
Lula, por sua atuação na compra do terreno para o Instituto Lula foi repassada
para o ex-presidente na forma da aquisição da cobertura contígua à sua
residência em São Bernardo.
A Lava Jato afirma que R$ 504 mil foram
usados para comprar o apartamento vizinho à cobertura do ex-presidente. A nova
cobertura, que foi utilizada pelo ex-presidente, foi adquirida no nome de
Glaucos da Costamarques, em transação que teria sido concebida por Roberto
Teixeira.
Segundo a Procuradoria da República, no Paraná, ‘na
tentativa de dissimular a real propriedade do apartamento, Marisa Letícia Lula
da Silva chegou a assinar contrato fictício de locação com Glaucos da
Costamarques, datado de fevereiro de 2011, mas as investigações concluíram que
nunca houve o pagamento do aluguel até pelo menos novembro de 2015’.
Durante
o interrogatório, o Ministério Público Federal afirmou que, nas respostas
escritas da ação penal, Lula disse que o pagamento do aluguel do apartamento
121 era realizado com emissão de recibos.
“Era
o que eu tinha conhecimento”, disse o ex-presidente.
“O
sr disse isso sem ter os recibos à vista?”, questionou a Procuradoria da
República.
“Veja,
se havia declaração no Imposto de Renda do Glaucos e havia declaração de
imposto de renda na minha contribuição, tinha que ter um recebido de pagamento
para declarar. Tá?”, afirmou o petista.
“O
sr afirmou existir esses recibos quando prestou declarações escritas na
investigação”, disse a procuradora Isabel Groba.
“Deve
ter o recibo, sim”, declarou o ex-presidente.
“O
sr informou isso sem estar com os recibos a sua vista?”, insistiu a
procuradora.
“Deve
ter o recibo, o recibo não fica comigo. Mas isso pode ser pego e enviado se é
pro Moro ou pra senhora”, respondeu Lula.
“O
sr não achou relevante juntar esses recibos?”, rebateu o Ministério Público
Federal.
“Não,
não porque eu sempre tive (inaudível) pagar aluguel”, disse Lula.
Neste
momento, o advogado Cristiano Zanin Martins, que defende Lula, interrompeu a
resposta. “Se Vossa Excelência quiser questionar a defesa em relação ao papel
da defesa, estou aqui para esclarecer. Agora me parece um pouco inapropriado o
Ministério Público pretender questionar aquilo que está a cargo da defesa.”
Moro
manteve o questionamento do Ministério Público Federal. “Pergunta relevante.”
“Então,
a defesa técnica orienta que o depoente não responda porque as questões da
defesa técnica quem responde é a defesa técnica”, disse Zanin.
A
procuradora retornou. “O sr não achou relevante juntar esses recibos nos
autos?”
“Mais
uma vez a defesa técnica orienta que não responda, porque isso já foi
esclarecido”, reagiu Zanin.
“Preciso,
então, que o depoente diga se não vai responder”, disse a procuradora.
“Isso
já foi esclarecido”, insistiu Zanin.
“Então, não vou responder, Dra, porque eu já
falei três vezes e a sra repete a mesma pergunta”, afirmou Lula taxativamente.
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