O
saque de contas inativas do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) será
liberado a partir de março. Porém, o dinheiro que antes estava fora dos planos
agora já tem destino certo para uma parcela dos brasileiros. O governo espera que os R$ 30 bilhões aos quais
terão acesso 10,1 milhões de trabalhadores sejam usados principalmente para
pagar dívidas. No entanto, parte desse público pretende investir o dinheiro,
mesmo com as contas no vermelho. Foi o que mostrou uma pesquisa do aplicativo de
controle financeiro Guiabolso. Das 1,4 mil pessoas consultadas, 44,8%
investiriam o valor sacado e 33,6% colocariam o orçamento em dia. Mesmo entre
os endividados, aplicar o dinheiro foi a resposta de 43,8% dos participantes,
contra 37% que vão priorizar o pagamento desses débitos.
A estudante Vanessa Garcia, 27 anos, vai usar o
valor a ser resgatado para cobrir o saldo negativo da conta bancária – ela teve
de recorrer ao crédito pré-aprovado após perder o emprego. No entanto, ela diz
que também pretende poupar para terminar os estudos. “Assim que voltar a
trabalhar, devo investir no Tesouro Direto”, diz.
“Criar uma reserva financeira é importante, e as
pessoas estão cada vez mais conscientes disso”, diz o presidente do Guiabolso,
Thiago Alvarez. Mas ele alerta que não faz sentido investir quando se tem
dívidas caras.
Alvarez aconselha a quitar o que está pendente e
evitar novos endividamentos do tipo “bola de neve”. “Pela conveniência, as
pessoas acabam entrando no cheque especial ou no rotativo do cartão e só depois
percebem que essas modalidades são caras”, diz.
Em dezembro, os juros do cheque especial chegaram a
12,58% ao mês, em média. Já os do rotativo do cartão de crédito ficaram em
15,33%. Os dados são de um estudo da Associação Nacional dos Executivos de
Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac).
O educador financeiro Rafael Seabra lembra que
dificilmente uma aplicação financeira renderia o suficiente para superar os
juros. “Mesmo no Tesouro Direto, em que é possível ter rentabilidade em torno
de 1% ao mês, não compensaria”, diz.
A exceção se dá no caso dos financiamentos
imobiliários. Caso a taxa de juros cobrada seja inferior a 1% ao mês, é
possível aplicar recursos para resgatar no futuro uma quantia superior ao
necessário para quitar o restante do financiamento.
Quanto aos investimentos, mesmo modalidades mais
conservadoras, como a poupança, remuneram a taxas mais altas. Em cálculos
feitos para o Estado com aplicações de curto prazo (um ano), o professor
Alexandre Cabral, do Laboratório de Finanças da Fundação Instituto de
Administração (FIA), mostra que o FGTS perde das principais aplicações de renda
fixa (veja no gráfico ao lado).
A Letra de Crédito Imobiliário (LCI) lidera e
consegue rentabilidade de 11,05% ao ano, contra 4,24% do FGTS. O Certificado de
Depósito Bancário (CDB) é o segundo colocado, com retorno de 9,12%, e o Tesouro
Direto Selic, o terceiro, com 8,77%.
Estrategista da Guide Investimentos, Luis Gustavo
Pereira recomenda títulos públicos pré-fixados e indexados à inflação.
Com folga financeira, o economista Carlos Miranda,
26 anos, pretende usar parte do saldo do FGTS para viajar nas férias. Com o
dinheiro, ele poderá escolher um destino que inicialmente não caberia no bolso
e poderá estender a estadia. A outra parte dos recursos será aplicada em CDB e
Tesouro.
Para quem precisa dos recursos do FGTS com urgência,
é possível antecipar o recebimento com bancos, porém é preciso fazer conta para
evitar um mau negócio.
Na semana passada, o Santander anunciou a criação de
uma linha de crédito que antecipa o equivalente ao que poderá ser sacado do
FGTS. As taxas vão de 2,59% a 4,59% ao mês. “O valor integral é depositado na
conta do cliente 24 horas após a contratação. A liquidação é feita em uma única
parcela, descontada no mês do aniversário do cliente”, diz o superintendente do
banco, Geraldo Rodrigues.
Bradesco e Banco do Brasil
estão avaliando a criação de uma linha semelhante. O Itaú diz que já oferece
diversas modalidades de crédito pré-aprovado. A Caixa Econômica não se
pronunciou. FONTE: POR AGÊNCIA ESTADO
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