Na última terça-feira
(1º) foi a vez dos municípios de Acari e Currais Novos, ambas no Seridó,
entrarem em colapso de abastecimento. O Açude Gargalheiras, situado em Acari e
que abastece as duas cidades, chegou a um nível tão baixo que impossibilita a
captação de água para distribuição. Da última vez que o volume do açude foi
medido pela Semarh, em 18 de agosto, foi contabilizado um volume de 86,6 mil m³
de água, o que equivale a 0,2% da capacidade do reservatório. Conforme explica a
diretora de empreendimentos da Caern, Geny Formiga, até a próxima quarta-feira
o abastecimento em Acari será feito com caminhão pipa. A partir de quarta a
Caern vai utilizar dois poços que foram perfurados na comunidade de Bulhões, em
Acari, e bombear água para a estação de tratamento de Gargalheiras.
Em Currais Novos a
população também está sendo abastecida por meio de carro pipa. A água está
sendo captada de uma adutora em São Vicente até um reservatório da Caern no
município.
“Quando entra em colapso
a primeira providência da Caern é suspender o faturamento, ou seja, ninguem
recebe conta de água. Além disso, o contrato que a Caern tem com a prefeitura
do município é distribuir enquanto tem água; quando acaba, esse compromisso
cessa e passa ser da prefeitura, estado e União”, explica Geny.
Além de a seca atual já
ter superado o recorde anterior em volume de chuva, caso a situação persista no
ano que vem haverá mais um número histórico alcançado, pois será igualada a
marca de cinco anos de seca registrada entre as décadas de 70 e 80.
De acordo com o setor de
Meteorologia da Empresa de Pesquisa Agropecuária (Emparn), entre 79 e 83 a média
registrada ficou entre 400 e 500 milímetros de chuva por ano; entre 2012 e 2015
a média anual está abaixo de 400 milímetros.
“Esta seca já é histórica
por essa razão, pelo volume de chuvas. Se 2016 continuar assim será alcançado o
recorde da seca anterior, de cinco anos, além de já ter superado em volume de
chuvas”, confirma o meteorologista da Emparn, Gilmar Bristot. Conforme dados da
Secretaria Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Semarh), a situação
volumétrica dos açudes, barragens e lagoas é crítica. Dos 51 reservatórios -
com capacidade superior a 5 milhões de m³ - 19 estão com menos de 5% de sua
capacidade, dos quais 15 estão com menos de 1% e oito estão completamente
zerados.
Como explica o
meteorologista da Emparn, entre 2012 e 2014 a seca se deu em razão da
influência direta das condições não favoráveis do Atlântico Sul, que apresentou
águas mais frias do que o normal, o que contribui para a diminuição de chuvas
no Nordeste brasileiro.
Em 2015 a razão das
poucas chuvas foi a interferência do fenômeno El Niño (alteração da temperatura
nas águas do Oceano Pacífico) a partir de março passado, o que causou a
interrupção de chuvas no interior do RN. Se o fenômeno persistir até fevereiro
de 2016, tudo indica que no ano que vem o estado amargará mais um ano de seca.
“Mas ainda é cedo para
esses prognósticos. Estamos estudando as alterações e ainda não temos nada
definitivo. Pode haver variações nos próximos meses, de modo que só teremos os
primeiros prognósticos quanto a isso em meados de outubro”, explica Gilmar. Para recuperar boa parte
dos reservatórios do estado, segundo Bristot, é necessário que chova no estado
entre 1.000 e 1.200mm em 2016. Para este ano não há previsão de chuva até
dezembro, já que no período que compreende o segundo semestre é normal que haja
estiagem, com chuvas isoladas que não trazem mudanças significativas para a
situação da seca. “É uma situação imposta pela natureza”, completa.
Governo
irá reeditar decreto de emergência
Desde o início do período
de seca, em 2012, o estado já publicou seis decretos de emergência, sendo o
primeiro em 2013. Entre 2013 e 2014 foram outros quatro decretos e um em 2015.
Na última quinta-feira (03) o Governo do Estado se reuniu com representantes
das secretarias e órgãos vinculados ao abastecimento de água e a Defesa Civil
estadual e definiu que irá reeditar este que será o sétimo decreto consecutivo.
Atualmente 153 municípios estão situação de emergência o RN.
Cada decreto vale 180
dias, sendo que o atual é válido até dia 27 desse mês. De acordo com o secretário
administrativo da Coordenadoria Estadual de Proteção e Defesa Civil, Jorimar
Gomes, o documento serve para que haja dispensa de licitação - o que
facilita a compra - nas aquisições referentes ao atendimento à população
afetada. Também serve para facilitar o recebimento de recursos do Governo
Federal. Ainda na reunião da
terça-feira, que foi coordenada pela secretária chefe do Gabinete Civil,
Tatiana Mendes Cunha, ficou decidido que será reativado em breve o Comitê
Integrado de Combate à Seca, que está desativado desde janeiro de 2014. O
antigo comitê era formado por órgãos da esfera pública federal, estadual e
municipal vinculados ao abastecimento. Uma nova reunião ficou marcada para a
próxima terça-feira (08)
Por parte da Caern,
segundo Geny Formiga estão sendo feitas pesquisas para possibilitar novas
alternativas de abastecimento. Uma das opções é a perfuração de poços, o que
esbarra na dificuldade de se encontrar água de qualidade. A reportagem tentou
entrar em contato com o secretário de Meio Ambiente e Recursos Hídricos,
Mairton Torres, mas ele estava em viagem administrativa à cidade de Apodi.
Na última quinta-feira (03)
a Semarh divulgou que nos primeiros sete messes desse ano alcançou a marca de
300 poços perfurados em todo o estado, principalmente nos municípios mais
atingidos pela estiagem. Dos 300 poços perfurados, foram feitos testes de vazão
em 250. A expectativa da Semarh é perfurar até dezembro a 500 poços no
interior. FONTE: NOVO JORNAL
Nenhum comentário:
Postar um comentário