"Foi uma aluna que veio nos dizer que a menina
estava com retaliações no braço, então mandamos chamar a menina e conversamos
com ela e perguntamos por que ela fez isso e aonde foi. Ela disse que fez em
casa e que estava com o coração com problema e fez isso pra superar o problema.
A partir daí identificamos outros dois casos na escola. Todos os pais foram
chamados e comunicados", explicou a diretora da unidade escolar, Goreti
Silva.
O G1 conversou com duas alunas da Escola
Municipal Vicente França que se automutilaram. Nenhuma das duas será
identificada nesta matéria. Em comum, as meninas têm o fato de acreditarem que
derramando o sangue iriam conseguir aliviar um sofrimento ou uma dor causada
por algum problema, como se a dor física pudesse amenizar a dor emocional.
Uma das adolescentes conta que ouviu vozes que
diziam que ela passava o dia chorando, mas que poderia trocar uma lágrima por
uma gota de sangue para aliviar a dor causada pelo problema que ela enfrentava.
"Eu me isolava muito por causa de vários problemas que eu estava passando
e esses problemas iam só piorando e se acumulando. Uns se resolviam , mas eu
não esquecia e isso me angustiava muito. Foi aí que as vozes surgiram. Elas surgiam
mais nos meus sonhos e do nada ficava tudo escuro e falava 'você passa o dia
chorando sendo que no lugar de uma lágrima você poderia trocar por uma gota de
sangue'. Era quando eu me angustiava, me angustiava e já estava me
cortando", diz a aluna.
A outra estudante diz que viu na Internet que se
cortando iria conseguir amenizar o sofrimento por que passava. "Eu via na
Internet as pessoas fazendo e que também quando você fazia aliviava a dor. Aí
eu comecei a me cortar achando que seria só fazer por fazer mesmo. Só que eu
fui vendo que depois do primeiro você vai se cortando mais e mais e acaba se
acostumando", conta.
Eu
via na Internet as pessoas fazendo e que também quando você fazia aliviava a
dor. Aí eu comecei a me cortar achando que seria só fazer por fazer mesmo. Só
que eu fui vendo que depois do primeiro você vai se cortando mais e mais e
acaba se acostumando"
Adolescente
que se automutilou
Os cortes eram feitos com a lâmina de apontadores
de lápis, estiletes e até lâminas de barbear. Nos dois casos as estudantes só
procuraram ajuda da família após a escola descobrir a automutilação. De acordo
com a diretora da escola, no depoimento das adolescentes foi detectada a
ausência dos pais no acompanhamento dos filhos no dia a dia. "O conselho
que eu dou é que os pais tenham um olhar mais especial. Muitos saem pra
trabalhar cedo e os filhos estão dormindo, quando voltam já a noite os filhos
já estão dormindo, então eles não têm tempo para conversar, não sabe o que está
acontecendo com essas crianças. Quando esses adolescentes têm algum probleminha
para conversar com os pais não tem a presença fundamental. Os pais precisam de
um olhar mais especial para com os filhos", disse.FONTE: G1
DO RN
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