A ideia é que os primeiros equipamentos, que
funcionarão como piloto de um projeto mais amplo, já entrem em funcionamento em
2016. Serão três usinas, estimadas em aproximadamente R$ 19 milhões, o que
poderá representar um investimento de R$ 60 milhões (o número exato ainda não
foi calculado). Os equipamentos serão instaladas próximas ao estuário do Rio
Piranhas-açu, em Macau, região salineira do estado. A capacidade
instalada será de 9 mil metros cúbicos de água potável por dia - o suficiente
para abastecer quatro municípios daquela região.
As informações foram reveladas pelo
secretário de Meio Ambiente e Recursos Hídricos, Mairton França. “Essa água vai
abastecer Macau, Carnaubais, Pendências e Alto do Rodrigues. A Caern e os
técnicos da secretaria estão analisando cada ponto, como, por exemplo, como
essa água vai chegar até os municípios”, afirmou. Juntas, a população das
quatro cidades ultrapassa os 64 mil habitantes, de acordo com dados do
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Uma empresa, cujo nome ainda não foi
revelado, apresentou a proposta ao governo e deve executá-la por meio de uma
PPP – parceria público-privada. Ela vai assumir os custos da operação com a
garantia da compra da água pela Caern. Procurada pela reportagem, a assessoria
de imprensa da companhia, que é vinculada ao estado, não se pronunciou sobre o
assunto, afirmando apenas que o projeto é de responsabilidade da Semarh.
Mairton França afirma que a empresa usará a mesma tecnologia utilizada na
Espanha, cuja costa é totalmente abastecida por água do mar dessalinizada.
A proposta é que outra usina, no futuro, seja
instalada em Areia Branca, com objetivo de abastecer até Mossoró. A mesma
empresa seria responsável por essa estrutura. Apesar de existirem quatro
técnicas conhecidas mundialmente aceitas para dessalinização, o governo ainda
não sabe qual delas será utilizada. “Uma das mais usadas no mundo é a osmose
inversa ou reversa, um sistema que utiliza membranas, em que a água e submetida
a uma pressão muito forte e atravessa essas membranas, que têm porosidade muito
pequena e ai acontece a osmose. De um lado fica a água com muita concentração
de sal e, na outra, a sem sais”, explicou o professor da Universidade Federal
do Rio Grande do Norte, João Abner, doutor na área de Recursos Hídricos.
De acordo com ele, findo o processo a água
está livre inclusive de bactérias. Todo esse sistema esbarra, entretanto, em um
detalhe: o preço para fazer dessalinizar é muito caro. E é por isso que o
estado avalia formas de baratear os custos, com, por exemplo, utilização de
energias renováveis. “O custo da dessalinização é cinco a seis vezes maior que
o normal”, detalha o professor. A explicação é a necessidade do consumo de mais
energia.
A ideia da construção das usinas já vinha
sendo discutida desde o início do ano. No dia 3 de maio, o NOVO Jornal publicou
reportagem com o então secretário de Desenvolvimento Econômico do Estado, Paulo
Roberto Cordeiro, citou o projeto, sem dar muitos esclarecimentos.
Projeto de lei
prevê uso de energias alternativas
O governador Robinson Faria enviou à
Assembleia Legislativa do RN, um projeto de lei que dispõe sobre a
dessalinização de água salobra localizada no subsolo potiguar, além da água do
mar. O projeto foi publicado no Boletim da casa na última terça-feira (4),
primeiro dia de atividades parlamentares no segundo semestre de 2015. A
mensagem que acompanha o projeto, endereçada ao presidente da AL, deputado
Ezequiel Ferreira de Souza, é do dia 28 de julho. Conforme o projeto, o estado
“utilizará, preferencialmente, as fontes alternativas de energia eólica e
solar, podendo reservar, para o desenvolvimento dessa atividade, até 3% da
energia bruta produzida por esses meios no seu território”.
Esse é apenas uma das formas que o estado
encontrou para reduzir os custos da produção, segundo o secretário de Meio
Ambiente. “A energia representa 70% do custo de produção, se a gente não contar
com a aquisição dos equipamentos”, explica Mairton França. Ele afirma que o
estado teria direito a 3% da energia produzida aqui, apesar de ela ser
integrada ao sistema nacional. A questão ainda não está bem definida e a
secretaria estuda como isso vai funcionar precisamente. Outra forma de reduzir
os custos, de acordo com França o aproveitamento do material que vai sobrar no
processo – como a água com concentração de sais, para vendas a outras
indústrias. É o caso da indústria cloroquímica ou as próprias salinas. FONTE: NOVO JORNAL
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