O nariz aquece, umidifica e filtra o ar. A
poluição, o clima seco e as altas temperaturas, quando somadas, formam uma
equação perfeita para o aumento do índice de infecções respiratórias e
pneumonias. Os cuidados com a saúde no verão não se limitam ao uso de protetor
solar e ingestão frequente de líquidos. Os portadores de doenças crônicas devem ter cuidado
especial. As crises de asma, por exemplo, com a diminuição das infecções
virais, são provocadas por outros fatores, como as variações de temperatura, odores
fortes, pólen, fungos, ácaros, e até o pelo de animais. Sinusite, faringite,
amidalite podem ser algumas das consequências das variações climáticas. “O
tempo seco e a baixa umidade relativa do ar permitem que os poluentes
permaneçam mais tempo em suspensão no ar, um fator aditivo que afeta o nosso
sistema imunológico e contribui para causar desconforto respiratório na
população em geral”, conta o otorrinolaringologista da Hapvida, João Paulo Lins
Tenório.
Um herói que também pode ser um vilão é o descongestionante
nasal. “Sinto falta de ar durante o dia. Com o ar seco, sinto que aumenta a
minha frequência respiratória, que parece insuficiente”, conta o fisioterapeuta
Wendell Pitta, que sofre de bronquite e rinite e não sai de casa sem o remédio.
“A respiração piora ainda mais quando passo muito tempo no ar condicionado. Com
o calor, não consigo dormir sem, então quando vou deitar, sempre uso algum tipo
de pano para cobrir o nariz e evitar consequências piores ao acordar.”
“Muitas vezes a causa do problema é o próprio
remédio, pois o descongestionante é apenas uma solução temporária e provoca
efeito rebote. Ou seja, o problema vai, mas volta em seguida. Existe até uma
rinite específica que é chamada de rinite medicamentosa. Além disso, o seu uso
em excesso provoca taquicardia e pressão alta.” alerta João Paulo. “Ao utilizar
o remédio, pingue apenas de um lado, até que o outro se normalize; só então
passe para a outra mucosa”.
O ar-condicionado, aliás, preocupa porque passa a
ser utilizado continuamente devido ao aumento das temperaturas. Ele deixa as
vias aéreas mais vulneráveis, pois resseca o muco protetor. Além disso, se o
aparelho não for higienizado adequadamente, favorece a proliferação de ácaros,
fungos, mofo e bactérias que se acumulam nos ductos do aparelho e se proliferam
no ar. Eles podem invadir as vias aéreas criando lesões
inflamatórias/infecciosas, como as pneumonias ou alergias.
Quando o nariz está entupido, respiramos pela boca,
que não possui as mesmas armas de filtro do ar que o nariz apresenta. Isso
provocará um ressecamento da mucosa oral, podendo aumentar o mau hálito e expor
o corpo a um quadro maior de infecções e inflamações, como amidalite e
faringite. Ademais, o especialista conta que a obstrução nasal pode levar a um
aumento da pressão nos seios da face, ocasionando dores de cabeça e desconforto
na região dos olhos, o que prejudica as funções cognitivas e gera estresse.
“O ouvido se comunica com o nariz através da tuba
auditiva,” explica o médico. Se o nariz estiver inflamado ou cheio de secreção
– comum em pessoas que possuem rinite -, pode atingir a tuba auditiva e levar o
acúmulo de muco, repleto de partículas retidas no ar, até o ouvido. “Isso pode
provocar infecções e inflamações, como a otite.”
Prevenção
Uma medida interessante de prevenção, assim como o
hábito de escovar os dentes e tomar banho, é lavar diariamente também o nariz
com soro fisiológico, mesmo quando ele não está doente. “Esse costume não só
ajuda a limpá-lo de impurezas e secreção como combate mal-estar e doenças de
ouvido ou garganta, mantendo o bom funcionamento das vias nasais,” explica o
otorrinolaringologista.
João Paulo conta que o nariz é a porta de entrada
do ar carregado de partículas do meio ambiente. “O nariz ajuda a aquecer,
umidificar esse ar e reter as partículas irritantes. É o grande filtro”, diz.
Rinite, bronquite e asma são respostas alérgicas a antígenos que entram em
contato com a mucosa das vias aéreas tanto superiores (nariz) quanto inferiores
(traqueia e brônquios), e permanecem em contato com elas durante um tempo.
Realizar lavagens sistemáticas do nariz, além de
diminuir a sensibilidade dessa mucosa, aumenta o batimento muco ciliar, ação
que expulsa esses antígenos e evita quadros alérgicos mais intensos. “É barato,
eficiente e não tem contraindicação. No mais, ao perceber alguma alteração
séria no ciclo nasal, procure investigar e tratar o problema com um
profissional antes que isso se agrave,” orienta profissional.
Para os que apresentam quadros alérgicos ou crises
de asma no verão são importantes algumas medidas simples, como limpar a casa
sem levantar poeira, ficar longe de odores e perfumes fortes e de animais podem
evitar muita dor de cabeça – literalmente.
Para contradizer as estatísticas e diminuir os
riscos dessas doenças, aqui está uma lista com dicas simples que podem ser
incorporadas ao dia a dia de qualquer um:
- Mantenha as mucosas sempre hidratadas. Para
tal, é preciso ingerir muito líquido. O aconselhável é três litros de água nos
dias muito quentes. Muitos alimentos já têm uma boa quantidade de água e ajudam
a hidratar.
- Idosos e crianças exigem atenção dobrada,
pois a mucosa deles resseca muito mais rápido. O metabolismo do idoso cai com a
idade. As crianças gastam muita energia, o que contribui para a perda de
umidade. Nem sempre eles pedem água ou dizem estar com sede. Ofereça líquidos
com frequência;
- Quando o ar está seco, as narinas ficam
muito ressecadas – ainda mais em ambientes poluídos ou com ar-condicionado.
Utilize toalha úmida, umidificadores ou até bacias de água nos ambientes mais
fechados. No trabalho, um simples balde de água em baixo da mesa ajuda bastante
diminuir a secura do ar;
- Limpe a casa com pano úmido e tire tudo que
acumule pó das superfícies, como o criado-mudo ao lado da cama, por exemplo;
- Fuja de locais fechados quando puder.
Ambiente arejado, bem ventilado e limpo facilita a circulação de ar e afasta os
riscos de problemas respiratórios.
FONTE: JORNAL DE HOJE
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